Meio ambiente

Mobilização contra o aterro sanitário

Moradores de Cerrito Alegre vão pedir apoio aos vereadores da base da prefeita contra a iniciativa privada

Jô Folha -

Com base no parecer do Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul, de que a área escolhida para instalação do aterro sanitário é inadequada, próxima do arroio Pelotas e com vegetação típica de áreas úmidas, os moradores do Cerrito Alegre decidiram pedir o apoio dos vereadores da base da prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) na Câmara, para votarem contra o projeto. Os que formam o bloco democrático (PDT, PT, PSOL e DEM) já estão fechados com as famílias residentes no local, terceiro distrito de Pelotas.

Reunião realizada na manhã de sábado (16) na Escola Municipal de Ensino Fundamental Dona Maria Joaquina, que contou com a deputada estadual Regina Becker Fortunati (Rede) e representação da deputada Stela Farias (PT), vereadores do bloco democrático e lideranças de entidades e ONGs, como o Centro de Estudos Ambientais, e o Conselho Municipal de Saúde, foi chamada para definir os rumos do movimento contra o projeto.

Conforme a deputada Regina, o parecer do MP/RS foi emitido após avaliação geológica e comprova que o espaço é completamente inapropriado. "Trará danos ambientais tremendos", afirmou, ao acrescentar que no Brasil não existe sistema como em países mais desenvolvidos, como em Londres, na Inglaterra, onde foi adotada queima do lixo em alta temperatura, chamada de pirólise. Os resíduos são queimados e transformados em gás e energia, beneficiando ainda mais três cidades.

A representante da deputada Stela, Cecília Hypólito, falou sobre a importância da união da comunidade e lideranças na luta contra a instalação do aterro em Pelotas.

Proprietária de terreno arrendado para agricultura (plantação de soja) e pecuária, situado do lado da área adquirida para instalação do aterro sanitário, Gládis Regina Molina Gonzales, diz que seria muito mais fácil para ela vender a área, mas quer ajudar a cidade. Em seu terreno há um açude, que fica na divisa da área do aterro e ela teria de secá-lo. "Não posso fazer isso. Tenho quatro hectares de água doce", enfatiza.

Além disso, ainda segundo Gládis Regina, outras propriedades serão atingidas, assim como a Lagoa dos Patos e o Arroio Pelotas. "Nossa preocupação é a água. Não temos nada contra a empresa e o aterro", completa. A advogada dos moradores de Cerrito Alegre, Lílian Bruzamacho, salienta se tratar de uma luta sem bandeiras partidárias, mas de todos, por ser muito grave a instalação do empreendimento e pela forma com que está sendo conduzida.

O processo tem 1,8 mil páginas. "Uma coisa é o que divulgam, outra o que vão causar. Trinta empregos não justifica. Não há estudo de água subterrânea e a população daqui toma água de cacimba. Não tem Sanep aqui. Não há medida compensatória e esse problema não é só de Cerrito Alegre, é de Pelotas", afirmou.

Todos os estudos foram feitos, garante a CRBR
O diretor de Desenvolvimento de Negócios da CRBR, empresa responsável pelo projeto de instalação do aterro sanitário em Cerrito Alegre, Leomyr de Castro Girondi, ressalta que esse é o quinto empreendimento no Estado e cumpre os ritos técnicos, como todos os outros. Garante que todos os estudos e medidas para eliminar os impactos ambientais foram feitos e que a fase atual é de licença de instalação por parte da Fepam, que já aprovou as anteriores.

De acordo com Girondi, o empreendimento vai atender 400 mil pessoas na região e é mais importante ter solução para esse total do que buscar atender uma demanda que até agora a empresa ainda não detectou qual é. Os planos de mitigação já são avalizados pela Fepam em dois anos de análise dos estudos ambientais, que têm mais de 700 páginas, explica.

"Estamos à disposição para dar garantia a qualquer discussão. Risco é não ter uma solução", diz, ao citar que entre as cidades de seu porte, Pelotas é a única a levar o lixo a 160 quilômetros de distância, o que ambientalmente não se sustenta.

O empreendimento
Destinação de resíduos, geração de energia e biogás
R$ 100 milhões investidos, sendo R$ 30 milhões iniciais
30 empregos diretos gerados inicialmente
Terá capacidade para receber 700 toneladas/dia de lixo de Pelotas e região (previsão com base no crescimento das cidades), que juntos geram 430 toneladas/dia 

CRBR atua em quatro unidades regionais, localizadas em Santa Maria, Giruá, São Leopoldo e Minas do Leão. No total atende 250 municípios e dispõe de capacidade para receber o lixo gerado por 70% da população gaúcha

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